Toxoplasmose o que é? E como se transmite
A Toxoplasmose é uma doença causada por um parasita microscópico (Toxoplasma Gondii).
O desconhecimento do ciclo de vida do parasita e sua da forma de transmissão levam a que muitos gatos sejam afastados temporária ou permanentemente do contacto com a mulher grávida, sem levar em consideração os laços afetivos que os unem e o transtorno psicológico que a futura mãe irá viver, com o inevitável prejuízo para o bebé.
O que deveremos fazer?
Sem dúvida os gatos fazem parte do ciclo de vida do parasita. No entanto, estudos recentes mostram que o contacto com estes animais não aumenta o risco de infeção. De facto, veterinários que trabalham com gatos de todo o género, idade e estado sanitário, não mostram uma probabilidade maior de serem infetados, do que a população em geral, incluindo aqueles que não têm qualquer contacto com esta espécie.
Então como se efetiva a transmissão do parasita? Os gatos infetam-se ingerindo carne contendo os quistos do T gondii (incluindo pequenos roedores ou carne mal cozinhada). Depois da ingestão, começa e eliminar partículas (ooquistos) nas fezes. O sistema imunitário do gato rapidamente responde a esta infeção e impede o parasita de se reproduzir. Assim, a eliminação de ooquistos termina entre o 10° e o 14° dia de infeção. Voltar a eliminar tais partículas, depois deste tempo, é extremamente raro e mesmo que ocorra só um pequeno número de ooquistos conseguirá passar. Após a eliminação, os ooquistos não são imediatamente infetantes. São precisos entre 1 a 5 dias para se transformarem em esporos. A este fenómeno chamamos esporulação. Ooquistos esporulados podem sobreviver mais de 18 meses e podem ser espalhados no ambiente por objetos ou até pelas fezes de cão, se os ooquistos forem acidentalmente engolidos por estes.
Quase todos os mamíferos de sangue quente (incluindo humanos, ovelhas e ratos) podem ser infetados, ingerindo acidentalmente ooquistos esporulados. No entanto o parasita não se reproduz no seu intestino e por isso não produzem ooquistos– isto só acontece no gato. Nestas espécies os quistos alojam-se noutras zonas do corpo, incluindo músculo, tornando-se uma fonte de infeção, se a sua carne for consumida. Daí a forte possibilidade de a grávida se infetar ao comer carne pouco cozinhada.
O risco do gato se infetar com T gondii depende do seu estilo de vida. Aqueles que se passeiam pelo exterior e são caçadores bem-sucedidos, são os que apresentam um maior risco. Os de apartamento e que se alimentam de comida processada, própria para gatos, apresentam um risco nulo, exceto se comerem carne fresca ou pouco cozinhada.
E os humanos? Como se infectam?
Logicamente da mesma forma: comendo carne pouco cozinhada, tal como vaca, porco e borrego. O congelamento da carne ajuda a prevenção, uma vez que o parasita não resiste a baixas temperaturas. Também carnes curadas, não cozinhadas, tais como os enchidos, representam um risco considerável. Mas uma das mais importantes fontes de contaminação são os solos, e os produtos por ele produzidos, tais como legumes e frutos. Ingerir estes produtos frescos, mal lavados ou tocar na boca com as mãos, enquanto se pratica jardinagem, pode ser um risco, assim como beber leite não pasteurizado ou queijo feito a partir deste mesmo. Rara é a infecção a partir da água ou por inalação de poeiras.
A infecção em humanos é comum. Depois desta ocorrer, a maioria dos infectados torna-se imune para vida. Normalmente a pessoa nem sabe que foi infectada, uma vez que os sintomas são transitórios e semelhantes aos da gripe. No entanto pode ser um problema grave em pessoas com sistema imunitário comprometido, tais como transplantados, submetidos a tratamentos anticancerígenos, vítimas do vírus da SIDA, crianças ou idosos.
Se uma mulher não imune (sem contacto prévio com o parasita) se infectar durante a gravidez, o bebé está em risco, sobretudo se a infecção ocorrer durante o primeiro trimestre, havendo forte possibilidade de aborto espontâneo.
É possível testar o gato para esta doença, com uma simples amostra de sangue ou fezes. No entanto é sempre difícil distinguir entre infecção recente ou antiga, numa amostra sanguínea. Muitas vezes só com mais do que uma recolha e a comparação entre os resultados, permite ao veterinário conclusões mais definitivas. Em relação às fezes, se efectivamente forem encontrados ooquistos, sabemos que está com infecção activa.
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