Os perigos da lagarta do pinheiro
Com a chegada da primavera, advém o
desejo de aproveitar os primeiros dias de sol na natureza. No entanto, esteja
bem atento à sua volta, pois a presença de pinheiros em redor poderá
desencadear graves perigos para o seu animal, através do contacto deste com as
lagartas do pinheiro ou também conhecidas como processionárias (Thaumetopoea
pityocampa).
Ciclo de vida da lagarta do pinheiro
O ciclo de vida da lagarta do
pinheiro inclui duas fases: aérea e subterrânea. A fase aérea tem início em
Junho e prolonga-se normalmente até Agosto, onde o insecto adulto emerge e vai
posteriormente acasalar. As fêmeas, depois de fecundadas, procuram um bom local
para a postura dos ovos. Após o desenvolvimento embrionário estar terminado,
por volta de Setembro, nascem as lagartas propriamente ditas, que vão sofrer
várias mudas.
Nesta fase vão tecendo ninhos
semelhantes a algodão branco nas copas dos pinheiros, para acumularem o calor
necessário à sua sobrevivência durante os meses mais frios.
Entre Janeiro e maio, as lagartas
abandonam os pinheiros, deslocando-se em filas guiadas por uma das fêmeas, como
se de uma procissão se tratasse, daí o nome de processionária.
O objectivo desta “procissão” é
enterrarem-se no solo a cerca de 5-20 cm de profundidade e iniciarem a fase de
pupa – fase subterrânea. Podem ficar neste estado entre 1 a 3 anos, momento em
que saem e se transformam em borboletas, começando um novo ciclo.
Pelos urticantes
Após as várias transformações
sofridas durante a fase aérea, as lagartas apresentam-se minimamente protegidas
dos seus predadores, através da presença de 8 recetáculos no seu corpo, cada um
com cerca de 120.000 pelos ou espículas urticantes alaranjados.
Estes pelos são libertados à medida
que a lagarta se desloca para abandonar o pinheiro, podendo também ser
dissipados só com o vento, espalhando-se pelo ar e viajando grandes distâncias.
Eles contêm no seu interior uma
substância capaz de causar reações alérgicas muito exuberantes, ou até mesmo a
morte em casos extremos, a um animal ou a uma pessoa que entre em contacto com
eles.
Os cães, pela sua inata curiosidade
em cheirar, lamber e morder são, juntamente com as crianças, os mais passíveis
de serem afetados sendo, portanto, o grupo de maior risco de exposição aos seus
pelos tóxicos.
Sinais mais comuns nos cães após a
intoxicação
» Os pelos das processionárias, pela
sua enorme capacidade de intoxicação, são capazes de criar uma reacção alérgica
grave e necrose dos tecidos que com eles tiveram contacto, podendo envolver a
parte cutânea, digestiva e ocular. Eles funcionam como pequenas agulhas, não
sendo necessário o contacto directo entre a lagarta e o animal para este último
ser intoxicado.
» A zona da cabeça é a parte mais
vulgarmente afretada nos cães, nomeadamente a língua, que fica necrosada após
uma inofensiva lambidela. O mais frequente é esta começar por aumentar de
volume e ficar azulada/acinzentada, seguindo-se um processo de destruição da
mucosa que pode levar à perda do tecido (total ou parcial) em cerca de 6 a 10
dias.
» Outros sinais clínicos podem
incluir o inchaço do focinho, salivação excessiva por destruição da mucosa
oral, dificuldade em deglutir, urticaria/prurido intenso (comichão), anorexia
ou diminuição de apetite, vómito, prostração, dificuldade na preensão dos
alimentos e espirros.
» Casos mais graves podem conduzir a
febre, dificuldades respiratórias, conjuntivites e aumento dos gânglios da
região da cabeça. Outros sinais, embora raros, também estão descritos, tais
como situações de choques anafiláticos, tremores musculares, coma e até mesmo a
morte do cão.
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