O que nunca devemos fazer a um gato
Cortar
bigodes
Os bigodes ou vibrissas são fundamentais para o equilíbrio e
orientação do gato. Correspondem a um conjunto de pelos sensoriais, localizados
entre o lábio superior e o nariz. Funcionam como uma espécie de radar, dando a
noção exata de dimensão e distância dos objectos, facilitando a movimentação do
animal na escuridão total. A perda deste órgão sensível provocará insegurança e
frustração, uma vez que o gato terá dificuldade em executar determinadas tarefas
rotineiras, como saltar com precisão, orientar-se no escuro ou andar em linha
reta. A posição dos bigodes interfere, também, na linguagem corporal do animal.
Quando está numa postura defensiva, movem-se para trás, ficando colados à face.
Se relaxado, estão na normal posição, ligeiramente afastados da face. Se
curioso, a sondar o ambiente ou a pedir mimos, dirige os bigodes para a frente,
ficando com um adorável ar de quem está a fazer “boquinhas”. Quanto mais longos
forem os bigodes, mais eficiente será a sua percepção sensorial. Estes também
são renovados e por isso é possível que os encontre, por vezes, no local onde o
gato dorme. Voltarão a crescer.
Dar
Paracetamol
Um comprimido de paracetamol atinge drasticamente os glóbulos
vermelhos e o fígado, levando à morte em poucos dias. Isto porque os gatos não
o conseguem metabolizar, por falta de proteínas que o degradem.
Dar
ácido acetilsalicílico
Muito utilizado como antipirético e analgésico, demora cerca de 45
horas a ser eliminado pelo metabolismo felino, enquanto que, no ser humano, o
mesmo acontece em cerca de 4 horas. Isto porque os gatos não possuem
concentrações suficientes da enzima necessária para a metabolização da droga.
Os sinais de intoxicação são: apatia, aumento da frequência respiratória, febre,
anorexia, vómitos, gastrite hemorrágica, lesões renais, hemorragias, coma e até
morte. O ácido acetilsalicílico inibe a secreção e agregação de plaquetas,
causando quadros hemorrágicos perigosos ou letais.
Medicação sem conselho veterinário
Automedicação é perigosa e exige conhecimento profissional. O gato
possui um metabolismo peculiar, diferente do cão ou do homem. Os metabolismos
diferem muito e utilizar uma outra espécie como referência, pode ser fatal.
Nunca arrisque. Confie ao médico veterinário a escolha do fármaco que o seu
animal realmente precisa.
Desparasitar
com piretrinas
As piretrinas são inseticidas usadas no controlo de parasitas
externos dos cães. São habitualmente vendidos sob a forma de pipetas de
aplicação tópica, coleiras, pós ou champôs e visam a eliminação de pulgas e
carraças. Esta espécie possui enzimas próprias para a sua degradação e é, por
isso, capaz de as inativar, sendo segura a sua utilização. Os gatos são
bastante mais sensíveis a estes produtos, incapazes de os metabolizar e a sua
ingestão, inalação ou contacto com a pele pode ser desastrosa. A intoxicação
causa sintomas neurológicos e musculares agudos tais como salivação excessiva,
tremores, convulsões, dificuldade respiratória, diarreia e vómitos, depressão
ou hiperexcitabilidade, febre ou hipotermia e, como derradeiro e último
sintoma, a morte desnecessária e agónica.
Se acontecer a utilização indevida de tais produtos ou derivados,
deverá imediatamente lavar o gato com água tépida (nunca quente, porque a
temperatura aumenta a absorção pela pele) e sabão. Se acontecer a ingestão,
nunca dê leite ou gorduras, porque estas também aumentam a absorção. Recorra
imediatamente a um veterinário, porque a situação é muito grave e só este
possui meios médicos indispensáveis para aumentar a taxa de sobrevivência de um
gato intoxicado com piretrinas.
Passear
o gato à trela
Os gatos são predadores, mas também são presas. Ou seja, não gostam
de ficar expostos, sem controlo do ambiente, uma vez que temem potenciais
inimigos. Adoram explorar, mas sem perderem o domínio da situação, ao seu
próprio ritmo e conforme a sua vontade. Normalmente exploram o seu território,
partindo de um ponto inicial onde se sentem seguros e vão à descoberta da área
envolvente, aos poucos e cautelosamente, regressando rapidamente ao ponto de
partida, se sentirem algum tipo de ameaça. Mesmo quando fazem explorações mais
alargadas, verificam visualmente se existem esconderijos ou zonas seguras nas
redondezas, para ai se refugiarem, se acharem necessário. É por esta razão que
tantos gatos são atropelados quando atravessam estradas movimentadas.
Considerando que estão em ambiente hostil, precipitam-se numa fuga cega, para
encontrarem abrigo onde relaxar e voltar a sentir que estão no controle da
situação. Partindo deste princípio, é fácil compreender que pode ser muito
arriscado expor um gato a um ambiente desconhecido, preso por uma trela. Cego
de pânico, tentará fugir descontrolado, enrolando-se no fio, reagindo de forma
perigosamente agressiva a qualquer mão que o tente acalmar. Ambos, animal e
tutor, poderão acabar feridos, com maior ou menor gravidade. Para além da
associação, que o gato fará, do tutor com o incidente e quebrar-se a confiança
que nele depositava.
Dar
chocolate
O chocolate é toxico para os gatos. O chocolate contém teobromina,
que não é metabolizada no fígado, causando diarreia, vómitos, tremores,
descoordenação motora e até morte. Qualquer produto que contenha chocolate,
mesmo que em ínfimas quantidades, está completamente proibido na alimentação
felina.
Quando são confrontados com o ambiente hostil de sala de espera do
consultório veterinário, com sons ameaçadores, odores assustadores e outros
animais igualmente amedrontados, todos os sinais de alerta da sua condição de
presa disparam e o gato só quer sair dali a qualquer custo, sem olhar a meios
ou medir consequências. Neste momento de absoluto pânico torna-se prioritário e
essencial abandonarem o local, para se refugiarem em qualquer outro, que considerem
mais seguro. Infelizmente, é provável que fujam do colo dos tutores, depois
destes ficarem seriamente arranhados, para nunca mais serem encontrados, e
podem na fuga ser atropelados, na movimentada estrada em frente. Portanto,
mesmo que o seu pequeno tigre seja a mais calma e doce criatura alguma vez
vista, não arrisque. Não saia com ele sem ser na transportadora, cuidadosamente
verificada, para que não corra o risco de se abrir. Os gatos são animais que
passam subitamente de uma emoção a outra. Um gato em pânico, tanto pode ficar
estático, como no segundo seguinte atacar e/ou fugir.
Dar pílula contraceptiva
O controle da natalidade nas gatas deverá ser feito através da
esterilização cirúrgica. A pílula anticoncepcional está completamente
contra-indicada, pelos riscos que a sua administração acarreta. A piómetra é uma
doença uterina, em que ocorre uma infecção no interior deste órgão, infecção esta
que não se consegue controlar com a administração de antibióticos. Só a
ovariohisterectomia (remoção de ovários e útero) a pode resolver, mas existe a
possibilidade de septicemia pós-cirúrgica (generalização da infecção). O risco de
desenvolver esta doença é muito maior em animais a quem é administrada
contracepção oral.
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