O Natal do Cão e do Gato
Não temos que escolher entre ter um animal ou festejar o natal. Mas
há alguns cuidados que poderemos ter para não sermos obrigados a interromper
uma festa em família, para acabar o dia na urgência veterinária
Por isso deve
ter cuidado:
Com as ligações eléctricas. Fios eléctricos a atravessar a casa, fichas sem proteção e tomadas
triplas para ligar as iluminações natalícias, podem motivar situações
dramáticas. Os cães, independentemente da idade adoram mordiscar tudo,
sobretudo se for novidade. Assim, quando estão demasiado ociosos, em ambiente
pobre, ou simplesmente porque adoram explorar, é inevitável que roam estes objectos, correndo o risco de expor a parte condutora, apanhando um choque de
maior ou menos voltagem. Para além dos riscos cardíacos resultantes do facto de
serem percorridos por uma descarga elétrica, há também o risco de queimaduras
graves, relacionadas com a possibilidade de o pelo se poder incendiar
instantaneamente quando há libertação de faíscas.
No caso dos
gatos, o perigo mais comum é o de colocar a língua, ou mesmo as garras,
nos orifícios das tomadas, num comportamento exploratório normal.
Frequentemente, você nem se apercebe na altura. Alguns dias depois o animal
começa a mostrar dor ao tentar comer e emana um hálito fétido. A observação
cuidada da cavidade oral revela uma língua em necrose (tecido morto e
putrefacto) numa área mais ou menos extensa, conforme a intensidade da descarga
elétrica. Esta área acabará por cair, podendo deixar o gato sem possibilidade
anatómica para se alimentar de forma autónoma, dependendo da extensão da lesão.
Com os
presentes expostos por baixo da árvore de Natal. Mais uma vez,
a novidade aguça o engenho e não só haverá a possibilidade de desfazer os
embrulhos, engolindo o papel (menos grave) ou as fitas dos laços, como poderá
engolir o próprio presente. As fitas são perigosas no sentido em que ao serem
engolidas podem ficar presas nas vilosidades (pequenas saliências) intestinais,
causando obstrução total ou parcial, ou mesmo invaginação (uma prega intestinal
entra dentro de outra prega). Todos estes cenários são graves, necessitando, a
maior parte das vezes, de intervenção cirúrgica. Em relação ao presente em si,
o principal perigo reside nas caixas de chocolates, no caso dos cães. Muitas vezes
o animal ingere todo o conteúdo da caixa, para além da própria caixa. Sofre uma
intoxicação por chocolate, resultando numa colite grave, muitas vezes com
diarreia hemorrágica e a morte associada não é incomum.
Com os enfeites
da árvore de Natal. Pequenos ornamentos de madeira, algodão, plástico e
metal, podem ser engolidos, causar obstruções, intoxicações ou ferimentos.
Bolas de vidro partem-se facilmente e os pedaços são perigosos para o tubo
digestivo, desde a boca ao intestino. Feridas gastrointestinais são difíceis de
cicatrizar e podem causar hemorragia grave, aguda ou crónica. As fitas são
perigosas pelo mesmo motivo, que referi anteriormente, em relação aos
embrulhos. Neve artificial, cuja composição é, na maioria das vezes,
poliacrilato de sódio, pode causar depressão do sistema nervoso central, quando
ingerido.
Com o pinheiro
de Natal. Se o quer manter na vertical é melhor prende-lo à parede. Se tem
gatos, muito provavelmente vão trepar e, muito provavelmente também, o pinheiro
cederá ao seu peso, desabando aparatosamente, com todos os ornamentos
espalhados, partidos ou amachucados. Se tem cães, estes também podem causar a
queda da estrutura natalícia, puxando ramos com a boca ou apoiando os membros
anteriores no periclitante objeto. E depois do caus instalado será o triunfo
final, com tanta confusão para explorar, mordiscar, pontapear, saborear,
engolir e estraçalhar.
Com as iguarias
natalícias. Doces, refogados, fritos e assados podem ser desastrosos para um
estômago pouco habituado a devaneios culinários. Condimentos, picantes e
temperos vários podem causar graves desarranjos intestinais, diarreias
sanguinolentas, vómitos debilitantes e dor abdominal intensa. De entre os mais
problemáticos destacam-se o chocolate e o picante. Ambos são completamente
tóxicos para cães e gatos, apesar de serem os primeiros os mais afetados, uma
vez que a sua curiosidade alimentar os leva a ingerir tudo aquilo a que
conseguem aceder. Como resultado surgem colites hemorrágicas graves, que
requerem cuidados médicos assertivos e muitas vezes internamento. Outros como a
cebola, alhos, uvas ou passas, são tóxicos mas com uma menor expressão, sendo
os seus efeitos mais modestos em termos de sintomatologia.
Com as velas
decorativas. Sobretudo os gatos, que passeiam por cima de tudo,
podem aproximar-se insensatamente. O pelo é facilmente inflamável e sobretudo
nos animais de pelo comprido o perigo de se incendiarem é grande. A combustão é
rapidíssima e em frações de segundo o gato pode sofrer queimaduras graves.
Com os festejos
ruidosos, como por exemplo o fogo-de-artifício, petardos, bombos,
cornetas ou tampas de tachos, sobretudo na noite da passagem de ano. Muitos
animais, em especial cães, têm fobia destes barulhos, de tal forma que correm
desenfreadamente e em pânico. Nesta correria descontrolada podem sofrer
acidentes graves, tais como atropelamentos e quedas, para além de se
desorientarem de tal modo que ficam incapazes de encontrar o caminho de volta.
Muitos são os animais que se perdem em noite de réveillon ou festas populares.
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