Dicas para melhorar a qualidade de vida do seu cão sénior
JOGOS COM A COMIDA
O olfato é o sentido que os cães mantêm
mais apurado, até mais tarde na vida. Assim, grande parte da estimulação
cognitiva deverá aproveitar este facto. Poderemos proporcionar jogos de busca,
em que escondemos pequenas quantidades de comida húmida, olfativamente mais
estimulante, primeiro em locais de fácil acesso, para ir, aos poucos aumentando
a dificuldade, conforme o cão vai compreendendo como funciona o jogo.
AMBIENTE ESTIMULANTE
A maior parte dos cães idosos
movimentam-se com dificuldade, mas devem ser diariamente levados a locais
interessantes, que possam inspecionar olfativamente e que lhe permitam o
convivo com outros cães ou pessoas (se for algo anteriormente apreciado). Mesmo
pequenos períodos de passeio, 5-10 minutos, são benéficos.
BRINCAR
Os tutores devem fazer uma lista dos
jogos que o cão mais gostava quando era jovem. Alguns deles podem estar para lá
das capacidades físicas que o animal apresenta no momento, mas outros podem ser
adaptados às limitações da idade. Também podem ser criados novos jogos, com
motivação adaptada, como por exemplo, procurar comida ao comando.
CONTACTO SOCIAL
Alguns cães geriátricos tornam-se socialmente
isolados, uma vez que se mantém mais em casa, não só devido à relutância que
apresentam ao exercício, como também ao desinteresse que mostram quando são
convidados ao passeio diário. Os tutores devem ser encorajados a interagir mais
com o animal, sem esperar que seja este a pedir atenção. Devem incentivar a
brincadeira e utilizar mais o contacto físico, os afagos e os carinhos. A
sensação do toque é, por si só, um importante instrumento de estimulação
cognitiva. Os jogos de grupo são também importantes, uma vez que promovem o
relacionamento social com os seus semelhantes.
MARCAÇÃO AMBIENTAL COM ODORES
Tal como já referi, o olfato é dos
últimos sentidos a serem perdidos. Assim, em animais de visão reduzida pelas
cataratas e de audição limitada, poderemos identificar locais importantes para
o seu dia-a-dia com odores diferentes. Poderemos recorrer a ervas aromáticas,
velas de cheiro ou perfumes de ambiente. Aromas diferentes de divisão para
divisão, mas constantes no tempo. Assinalaremos assim os locais de alimentação
ou de descanso. A possibilidade de encontrar facilmente os recursos
indispensáveis para o seu bem estar reduz o stress e a ansiedade, para além de
manterem o animal repousado e bem nutrido.
MARCAÇÃO COM SONS
Em animal que mantém alguma capacidade
auditiva, poderemos marcar estes mesmos locais com sons diferentes, que
retiramos facilmente da internet e que mantemos como som ambiente. Como
exemplo, podem ser utilizados sons de água a correr, vozes de animais, barulho
de vento, musica calma, etc. As possibilidades são muitas. É só por a
imaginação a funcionar.
MARCAÇÃO COM LUZ
A capacidade de se orientar no escuro
também está comprometida. A desorientação espacial causa, também ela stress e
ansiedade. A simples decisão de manter uma pequena luz de presença no local de
repouso, pode ajudar um cão idoso a localizar a água ou a comida, ou mesmo a
tomar consciência do local familiar em que se encontra.
MARCAÇÃO DO PISO COM TEXTURAS
As dificuldades locomotoras são também
um problema nos velhotes. Levantam-se a custo, tropeçam facilmente, escorregam
e caem, sem se conseguirem reerguer. A cobertura antiderrapante em todos os
locais de passagem poderá ajudar estes animais a conseguirem movimentar-se com
menor dificuldade. Para além disso, se estes pisos modificarem a sua textura de
zona para zona, serão também eles mais uma pista para a identificação do local.
EXERCÍCIO FÍSICO
Sim! O exercício físico é muito
importante para os velhotes. Logicamente que terá que ser adaptado às
limitações físicas e cognitivas do indivíduo. Devem continuar os passeios
diários, se possível mais frequentes mas menos prolongados. Deve-lhes ser permitido
cheirar sem destino, absorver um mundo de odores, processar toda a informação
que estes aromas transmitem. Promover o convívio com outros cães, as
brincadeiras de grupo, as interações físicas e de linguagem é igualmente
importante. A natação é um ótimo exercício para esta faixa etária, uma vez que
permite tonificar todos os músculos, sem danificar ainda mais as dolorosas
articulações. Mas deverá ser feito em água morna e relaxante. Se outros cães
estiverem presentes, será uma boa oportunidade para jogos de grupo, sem as
limitações impostas pela dor.
FACILITAR O ACESSO AOS RECURSOS BÁSICOS
Uma vez que a desorientação espacial e
a dificuldade em se movimentar são os principais problemas dos geriátricos,
deveremos disponibilizar mais recursos, tais como bebedouros, comedouros e
locais de descanso, colocados em zonas mais acessíveis, sobretudo ao nível do
chão. Também as rampas e pisos antiderrapantes, já referidos anteriormente,
podem facilitar o acesso a estes locais. Para muitos destes animais a desorientação
é de tal ordem que, quando os tutores estão fora grande parte do dia, a
desnutrição e desidratação podem ocorrer.
PROPORCIONAR UM SONO DESCANSADO E
REPARADOR
A perda de hábitos de sempre é um
efeito bastante incómodo da demência. Muitos destes cães alteram o seu ciclo do
sono e passam a estar ativos durante a noite, para depois dormitarem durante
todo o dia. Há alguns truques que podemos utilizar para tentar contrariar esta
realidade. A colocação de uma luz de presença permitirá ao cão orientar-se e
sentir-se mais relaxado, uma vez que sente que controla o ambiente. Uma cama
com barreiras fornecerá um espaço limitado mais fácil de controlar. O acesso a
estas camas poderá ser feito por uma rampa antiderrapante. Colocar na cama uma
peça de roupa do tutor facilitará a orientação olfativa. As janelas deverão
estar fechadas e as cortinas corridas para evitar a entrada se luz às primeiras
horas da manhã. Aumentar a atividade durante o dia, com passeios e jogos com
comida, não permitindo que o cão durma o dia todo, podem ajudar a que durma
melhor à noite.
TREINO
Sim! Deveremos treinar o cão idoso.
Servirá para o estimular cognitivamente, para além de relembrar exercícios
básicos de obediência, tantas vezes esquecidos devido ao envelhecimento cerebral.
Simplesmente o reforço utilizado não poderá ser o estalido do clicker ou o
encorajamento do tutor, uma vez que o aluno poderá estar completamente surdo.
Em alternativa podem ser utilizadas luzes, associadas a prémio alimentar, cada
vez que corresponder ao exercício. Logicamente não poderão ser treinos muito
prolongados e se o cão não conseguir corresponder de todo, o treino deve ser
interrompido, ou mudar de exercício, por forma a não criar demasiada
frustração.
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