Dicas para compreender a linguagem do seu cão
Quero
brincar
O convite para a brincadeira
pode ser direccionado a outro cão, ao tutor, a qualquer ser humano, ou mesmo a
um animal de outra espécie. Exibe uma expressão alegre e positivamente ansiosa,
peito encostado ao chão, membros anteriores esticados para a frente, posteriores
elevados, abana freneticamente a cauda e quando em silêncio, mantém a boca
aberta, língua de fora, a arfar, orelhas dirigidas para a frente. Quando está
neste estado de espírito adora que se lhe atire um brinquedo, para que o
recolha e traga de volta, para novamente ser atirado. Também gosta de jogar à
“apanhada” e às escondidas. O jogo é importante para o relacionamento do cão
com outros cães e também com os humanos. Aumenta o vínculo afectivo pelo prazer
que proporciona. Brinque com o seu cão todos
os dias, por curtos mas repetidos períodos.
Estou
atento
Quando foca a sua atenção em
algo que lhe desperta o interesse, o cão mantém-se erecto, ligeiramente
inclinado para a frente, cauda levantada, corpo rígido, boca fechada, orelhas
para a frente e para cima, rodando na direção dos ruídos, mantendo o olhar
fixo. O que lhe desperta a atenção pode ter varias origens e a atitude seguinte
é variável, dependendo da motivação.
Estou
com medo
Se estiver efectivamente com
medo de algo ou alguém, o cão revela a sua ansiedade baixando-se para parecer
mais pequeno e mais facilmente passar despercebido, com o peso centrado na zona
posterior do corpo, rígido e tenso; cauda entre as pernas, completamente
invisível; orelhas bem puxadas para trás, encostadas à cabeça; olhos de tal
forma esbugalhados, que deixam ver a parte branca do olho. Um animal com esta
postura está em pânico e neste estado de espírito pode tornar-se perigoso para
quem tente aproximar-se. Efectivamente o
medo é a principal causa de agressividade nos cães. Nunca tente uma
abordagem frontal a um animal com esta postura. A melhor atitude será a de se
afastar e esperar que o cão relaxe.
Estou
contente
Um cão contente está entre o
excitado e o positivamente ansioso, com o peso distribuído pelos quatro membros
ligeiramente flectidos; orelhas direccionadas para trás ou para os lado; cauda
direita a acompanhar a linha do dorso, abanando rapidamente; tentando lamber
insistentemente a pessoa ou o animal ao qual está a demonstrar o seu afecto. Pode
também tentar saltar para a pessoa em questão, reclamando atenção. Este é o
momento em que deve refrear o seu entusiasmo, dando-lhe um comando, como o
“senta!”, para que receba os cumprimentos e carícias de uma forma controlada. Um cão que consegue autocontrolar-se é um
cão mais equilibrado e psicologicamente saudável, facilitando o convívio com a
família, outros humanos e animais.
Estou
ansioso
Os sinais de ansiedade e
receio são muito subtis e por vezes difíceis de identificar. A errada
interpretação destes sinais leva ao acidente, uma vez que o cão, depois de ter
utilizado todos os seus recursos para evitar o conflito, terá que recorrer ao
último e fatídico, que é a dentada.
Estes
são os sinais mais frequentes e que, se estivermos atentos,
conseguiremos identificar:
– Lamber os lábios sem comida
ou odor de comida presente.
– Arfar sem calor ou sede.
– Testa enrugada e orelhas
para o lado.
– Mover-se muito devagar como
se fosse em “slow motion”
– Bocejar como se estivesse
sonolento, sem motivo para estar cansado.
– Hiper vigilante, olhando
rapidamente em todas as direções.
– Recusa comida, apesar de
estar com fome.
– Afastar-se quando nos
tentamos aproximar,
– Andar de um lado para o
outro, sem objectivo aparente.
Estou
muito zangado
O corpo apresenta-se
completamente tenso; a cauda virada para cima ou para trás, rígida, abanando
freneticamente, por vezes só a extremidade; as orelhas estão orientadas para a
frente; os lábios repuxados para trás, expondo os caninos de forma ameaçadora;
pilo erecção, desde a base do pescoço até à cauda. Se são estes os sinais
transmitidos, não enfrente a cão em nenhuma situação. O maior perigo é, sem
dúvida para as crianças. Por analogia com as expressões faciais humanas, os
pequenos confundem a ameaçadora exposição dos dentes com o amistoso e
convidativo sorriso com que são presenteadas pelos seus semelhantes. E
confiantes avançam para o abraço.
SINAIS
AUDITIVOS
O cão recorre a um grande
número de sons para comunicar. O ladrar tornou-se num recurso frequente, após a
domesticação, uma vez que aprendeu que recebe algo quando se faz ouvir, nem que
seja só atenção do tutor. O tom e
intensidade mudam conforme o contexto em que é usado, desde o tom mais alto,
quando requer atenção, até ao mais baixo e ameaçador, quando está agressivo.
A comunicação verbal é também
utilizada em situações de jogo, brincadeira e cumprimento, assim como quando o
cão está sozinho, o que sugere que não é uma forma de comunicação por si só,
mas uma maneira de chamar a atenção.
Uivar:
sinto-me só….
Tentativa de localizar
alguém, ou trazer companhia para perto de si. Os cães são animais sociais que
sofrem com a solidão. O sentimento de isolamento social é penoso e por isso o
animal evidencia todos os esforços para atrair companhia. Quando um cão uiva,
os cães das redondezas juntam-se-lhe, dando inicio a uma espécie de “conference
call” solidária. Possivelmente a atitude dos seus congéneres servirá para
diminuir a sensação de solidão sentida pelo animal.
Rosnar:
quero distância…
Significa: afasta-te, não te
aproximes. O cão rosna para que um outro animal ou pessoa não se aproxime da
sua comida, para que não lhe tirem o brinquedo preferido, para manter uma distância
de segurança em relação a uma potencial ameaça. Quando rosna está a dar sinais
claros da sua intenção. Perigoso é um
cão que morde sem ter rosnado antes. Isto só acontece quando o animal já
aprendeu que a dentada é o único recurso que serve as suas intenções, o único
que efectivamente afasta a potencial ameaça, uma vez que, anteriormente, todos
os seus sinais comunicativos de evitação foram ignorados.
Ganir:
quero qualquer coisa…
Este é um som quase
manipulador, uma vez que o cão aprende que o tutor não gosta do ladrar ruidoso,
mas não resiste a um pedido sentido e insistente, em tom mais baixo. É
normalmente acompanhado da expressão se “cachorrinho abandonado”. Também o
fazem quando estão ansiosos ou com dor, mas rapidamente aprendem que conseguem
atenção utilizando este recurso.
Gemido:
estou frustrado…
Quero companhia, ou comida,
ou brincadeira, ou atenção…
Ladrar:
estou aqui…
Há diferentes tonalidades,
intensidades e contextos do ladrar. Um tom alto e estridente indica empolgação
e felicidade. Um tom baixo pode ser uma ameaça. Os cães ladram para chamar a atenção, para responder a outros cães,
mostrar felicidade, para alertar para um problema. Mas o ladrar pode ser,
também, um problema, uma vez que o cão pode utilizar este recurso de forma
exagerada e incomodativa, causando problemas com os vizinhos ou mesmo com a
própria família humana. São, muitas vezes, os próprios tutores a protelarem
este comportamento, uma vez que dão atenção ao cão quando este evidencia tal
atitude, mesmo que seja para lhe ralhar. A melhor atitude será a de ignorar
completamente o comportamento. A atenção do tutor só deve ser conseguida quando
o comportamento se extinguir.
Esperamos que este artigo
contribua para melhorar o seu relacionamento com o seu cão. Se conseguirmos
comunicar será mais fácil entender. E se entendermos poderemos agir em
conformidade. E muitos problemas serão evitados, menos animais abandonados por
agressividade, menos dentadas a acabar no hospital, menos traumas psicológicos
para ambas as partes.
Devemos
apostar na prevenção, educando crianças, desde tenra idade e a sociedade em
geral, mesmo que não sejam tutores de cães.
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