Dicas para prevenir a Leishmaniose canina


A doença é potencialmente fatal para os cães, mas, se bem controlada, estes podem tornar-se portadores, de forma assintomática. O melhor será prevenir… para não ter que tratar. Apesar de hoje em dia não ser uma sentença de morte, o controle da doença implica custos, por vezes avultados, entre tratamento com fármacos, análises sanguíneas e maneio dos sintomas. 

Aqui ficam algumas dicas que podem ajudar à prevenção e a evitar que o seu amigo de quatro patas contraia uma doença perigosa e por vezes mortal.

Utilização de redes mosquiteiros

Sendo um insecto o responsável pela propagação da doença, se evitarmos a sua presença através da utilização de barreiras físicas, poderemos evitar que o animal seja picado e consequentemente contraia leishmaniose. Assim, a colocação de redes de malha inferior ao tamanho do insecto, em portas e janelas do local onde o cão permanece (casa dos tutores, canis, anexos, casotas, alpendres, albergues) desde o entardecer até ao amanhecer, pode ser vantajosa, uma vez que evita o contacto entre ambos.

Evitar que os cães pernoitem na rua

Como os insectos estão mais activos desde o entardecer ao amanhecer, se evitar que o cão durma na rua, está a reduzir a hipótese de que este venha a contrair a doença, uma vez que fica menos exposto. Até porque, enquanto dorme, o cão está imóvel, tornando mais fácil o trabalho do vector. Se possível, recolha o animal para o interior da habitação assim que o sol começar a descer no horizonte. Se for impossível manter o cão em casa borrife a casota de jardim, onde dorme, com insecticida inócuo para animais.
Evitar os passeios ao final do dia e durante noites amenas e pouco ventosas
Como este período coincide com o de maior actividade do insecto, se evitarmos passeios nesta altura do dia, reduzirmos a exposição do cão e consequentemente a possibilidade de infecção.

Aplicar pipetas ou coleiras repelentes de insectos ou com inseticidas

A utilização de coleiras ou pipetas impregnadas com permetrinas, reduz o risco de infecção, pela diminuição da probabilidade de contacto com o vector. Existem marcas e tempos de eficácia variáveis. Normalmente estes produtos fazem proteção múltipla, associando a repelência de insectos ao controle de pulgas e carraças. Sendo a escolha variada, o melhor será aconselhar-se com um profissional de saúde animal, sobre qual a melhor opção para o caso específico do seu cão. Outros repetentes, utilizados em humanos, podem também ser usados. No entanto possuem um muito menor período de proteção. Podem sempre ser utilizados quando se pretende uma acção mais curta, por exemplo, quando saímos com o cão para passear e pretendemos a repelência só durante a duração do passeio.



Evitar passear em locais húmidos, matas e parques

Cursos de água, lagoas, zonas arborizadas naturalmente húmidas, zonas de água estagnada, são locais a evitar nos passeios, uma vez que os insectos pululam nestas áreas. Escolha zonas arejadas, bem ventiladas, pouco apreciadas pelos mesmos e portanto mais seguras para o cão. Mantenha o animal em movimento, brincando com ele se forma activa, porque quanto mais se mexer, mais difícil será ser picado.
Uso de insecticidas no ambiente.
O uso de insecticidas sob a forma de sprays, aerossóis ou difusores eléctricos, inócuos para animais e humanos, podem ser vantajosos, uma vez que reduzem os vectores no ambiente e logicamente a probabilidade de transmissão da doença.

Medidas sanitárias básicas e simples

Manter os locais limpos, não acumular detritos a céu aberto, manter os sacos de lixo cuidadosamente fechados e acondicionados em contentores próprios, são medidas simples, importantes para a saúde geral, mas que também ajudam a controlar a proliferação dos insectos transmissores da doença, uma vez que estes se reproduzem na matéria orgânica.

Exames regulares

A consulta veterinária anual poderá incluir o despiste da doença, em zonas endémicas. Aconselhe-se com o médico veterinário que acompanha a saúde do seu cão. Um diagnóstico precoce é importante, porque quanto mais cedo iniciamos o tratamento do positivos, mais improvável será a transmissão da leishmania ao insecto e consequentemente a outros cães, uma vez que poderemos reforçar a utilização de repelente no animal contaminado. Alguns especialistas são da opinião de que animais tratados mantém o nível de infecção controlado, estando os parasitas confinados aos órgãos linfáticos e não em circulação sanguínea. Nestes casos o animal não seria infeccioso para o insecto que bebe sangue.

Uma nutrição saudável e equilibrada

Uma alimentação adequada ao animal em questão, com o aporte de nutrientes necessários à sua máxima performance, é indispensável para fortalecer o sistema imunitário e o apetrechar com a capacidade de aniquilar qualquer invasor, incluindo a leishmania. Uma nutrição saudável resulta num corpo são. É uma velha premissa, mas sempre actual.

Vacinação

A vacina contra a Leishmaniose canina surgiu no mercado português em maio de 2011. Consiste numa primo vacinação, a partir dos 6 meses de idade, com 3 doses vacinais administradas com 3 a 5 semanas de intervalo. Antes da administração da primeira dose, o animal deve ser testado, para confirmar que não padece já da doença, uma vez que neste caso a vacinação seria desnecessária. Normalmente o despiste é feito em ambiente de consulta, existindo kits rápidos que testam a partir de umas gotas de sangue fresco, com resultados em minutos. As revacinações são feitas uma vez por ano, sendo a primeira feita 12 meses após a última dose da primo vacinação. Para se conseguir a máxima eficácia, segundo o fabricante, devem ser cuidadosamente respeitados os intervalos entre aplicações da vacina. Esta forma de prevenção é, talvez, a mais fácil de entender: o produto inoculado simula a presença do parasita levando o sistema imunitário canino a produzir anticorpos contra o mesmo. Assim, no caso de infecção real, a memória imunológica identifica o invasor, reconhece-o e activa os anticorpos adequados.

Imunoestimulação

No mesmo ano de 2011, foi disponibilizado no mercado português um produto para administração oral, que modela a imunidade celular do cão, reduzindo o risco de desenvolver infecção activa e doença clínica, uma vez que estimula a sua capacidade defensiva, optimizando-a, por forma a produzir anticorpos eficazes, ao primeiro contacto com a leishmania. O protocolo de prevenção prevê a administração diária de uma quantidade de produto, adaptada ao peso do animal, por períodos de 1 mês, 2 vezes por ano. Sem grandes efeitos secundários, excepto alguma diarreia passageira, sobretudo no período de adaptação, tem vindo a ser muito utilizado, em alternativa à vacina. A escolha do produto utilizado (vacina ou imune estimulação) deverá levar em conta a relação risco/benefício, assim como os custos de cada opção.

Mas se todas estas dicas falharem e o seu cão chegar a contrair Leishmaniose, nem tudo está perdido. Com acompanhamento veterinário, cuidados adequados e empenho tutorial responsável, pode desfrutar de uma vida longa e com qualidade, não diferente da de qualquer outro cão saudável.

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