Adotei um porquinho-da-índia



Os porquinhos da Índia são dos roedores mais populares como animais de companhia. São dóceis com os humanos, o seu tamanho permite serem facilmente manipulados, mesmo por crianças e não são trepadores ou escavadores, o que facilita a manutenção em ambiente doméstico.
Os porquinhos da Índia são animais de prado, muito fáceis de manter, quando correctamente acomodados. Precisam simplesmente de um local quente e seco, uma boa dieta herbívora, acesso regular a ervas frescas e espaço para se exercitarem regularmente. As raças de pelo longo, de aspecto mais exótico, exigem mais cuidados na manutenção de uma pelagem sã. Como animais sociais vivem em colónias familiares e esta característica deve ser respeitada quando os mantemos como animais de estimação.

Algumas dicas para melhorar a qualidade de vida do seu pequeno roedor
Como escolher

A adopção só deverá ocorrer a partir das seis semanas, que é a idade em que o animal já se encontra capacitado para tomar conta de si próprio, sem a supervisão materna. Até às 12 semanas será a idade em que mais facilmente socializa e se for gentilmente manipulado por humanos, habituar-se-á a aceitar o contacto físico de forma pacífica e sem medos. Com 6 semanas um porquinho deverá pesar mais ou menos 250g. Escolha um animal com pelagem brilhante, olhar atento, sem conspurcação da zona ano/genital e sem descarga nasal. Não esquecer que os animais de pelagem comprida exigem um cuidado diário para a manter em boas condições. Em relação ao sexo, nem sempre é fácil, para olhos menos treinados, distinguir entre machos e fêmeas. Vire, gentilmente, o porquinho, de barriga para o ar, apoiado numa das suas mãos. Com a outra afaste os membros posteriores, por forma a expor os genitais. No caso de ser macho, uma pequena pressão na zona exterioriza o pénis. Se for fêmea, a mesma pressão expõe uma zona em forma de Y.

Nunca o mantenha solitário

O isolamento social pode ser devastador para um animal gregário como este. Toda a dinâmica da vivência diária de um porquinho se baseia nas relações sociais que estabelece com os seus congéneres. Privá-lo desta possibilidade é condená-lo a uma vida desinteressante porque desajustada das suas necessidades como espécie. Impõe-se ao tutor a adopção de pelo menos dois animais em simultâneo. O ideal será a adopção de fêmeas aparentadas, como irmãs ou mãe e filhas. Se optar por macho e fêmea deverá pensar na esterilização cirúrgica de pelo menos um deles, porque a sua reprodução se torna difícil de controlar. Evite a convivência de dois machos no mesmo espaço, sobretudo se este for exíguo, como uma gaiola. A probabilidade de lutarem entre si é elevada. Também poderá acontecer com as fêmeas, mas menos frequentemente. Se for impossível ter dois destes animais em simultâneo, poderá optar por um coelho, para lhe fazer companhia, desde que se habituem um ao outro enquanto jovens.

Ofereça-lhe uma alimentação adequada


Um animal bem alimentado tem muito maior probabilidade de ser saudável. Os porquinhos são estritamente herbívoros, ou seja, só devem comer alimentos de origem vegetal. O FENO deve ser a base da alimentação e deve estar à disposição 24 horas por dia. É o principal responsável pelo correto desgaste dos dentes, para além de fornecer a fibra necessária ao bom funcionamento do intestino. As VERDURAS FRESCAS, sempre limpas e servidas em porções, uma ou duas vezes por dia. É de evitar o excesso de verduras ricas em cálcio, como as couves, pois podem causar problemas urinários, especialmente nos adultos. Prefira as mais escuras, ricas em vitamina C. Pode escolher aipo, tomate, pepino, milho, brócolos, espinafres. As FRUTAS podem e devem ser dadas, mas com moderação, uma vez que o excesso de frutose (açúcar da fruta) pode causar diabetes. As RAÍZES, como a cenoura, também devem ser dadas de forma controlada, uma vez que o excesso de fósforo também pode originar problemas urinários. A RAÇÃO não deve ser a base da alimentação e não deve estar à descrição. Deve escolher uma que seja específica para esta espécie. A VITAMINA C é muito importante, porque estes animais não a fabricam, tendo que a receber através da alimentação. Está presente na ração específica para porquinhos, assim como nos vegetais frescos. Pode também ser feita a suplementação, mas o ideal é obtê-la de forma natural. Evite as barras de cereais, normalmente cheias de açúcar. Provavelmente apreciará muito mais um pedaço de maçã e este é menos prejudicial. Sirva a refeição em pratos que não consigam roer nem virar e mantenha-os sempre limpos. O que não for ingerido deve ser removido, uma vez que os porquinhos são “gourmet” e não comerão aquilo que está conspurcado ou pouco fresco.


Disponibilize sempre água fresca

Utilize bebedouros próprios (tipo biberão), para que se mantenha sempre limpa e não haja hipótese de o porquinho a entornar. A falta de água, mesmo que por períodos curtos, pode ser fatal. Mantenha os bebedouros limpos e livres de algas verdes, que normalmente crescem nas suas paredes internas. Utilize arroz cru, com água e agite energicamente até estas se soltarem. Passe por água limpa. O mais seguro será disponibilizar mais do que um bebedouro, para que não ocorram acidentes e se um ficar vazio, haverá outro disponível.

Disponibilize alojamento adequado

A tradicional gaiola, mesmo que espaçosa, não é o alojamento ideal. Os porquinhos são naturalmente animais activos, cujos ancestrais habitavam vastas pradarias. A clausura não lhes permite correr, explorar e brincar, como fariam no seu habitat natural. É normal que os queiramos proteger de potenciais inimigos domésticos, como o cão ou o gato. Mas podemos tentar aproximar-nos o mais possível, daquilo que seria natural, para que o animal possa expressar os comportamentos característicos da espécie. Providenciar tudo aquilo que precisa no espaço de uma gaiola, é muito difícil, pois no mínimo precisará de comedouro, bebedouro, esconderijo e espaço para se exercitar. Se tiver um quintal, poderá alojar os porquinhos no exterior, desde que com um abrigo impermeável, seco, arejado, confortável e espaçoso, incluído no espaço de um cercado, enriquecido com plantas, pedras, troncos e túneis. Este mesmo abrigo deve ter uma tampa que se possa levantar, para acesso ao interior, facilitando a limpeza e manutenção. Se existir a possibilidade de acesso a gatos, cães ou mesmo aves de rapina, o melhor será que o recinto esteja protegido com uma rede amovível a cobrir todo o espaço aéreo. Dentro de casa poderá construir um cercado com as mesmas características (com imaginação poderá mesmo ser decorativo), numa dimensão compatível com o espaço disponível. Mas quanto maior, melhor. No interior a temperatura e humidade são controladas, os riscos de doença menores e a interacção tutor/animal mais frequente, estreitando-se laços de amizade. No entanto, não há como o preguiçar ao sol, num dia ameno, ou mordiscar umas plantinhas, frescas e viçosas, directamente da terra. Mas cuidado… em dias frios e chuvosos o melhor será que fiquem em casa, protegidos das intempéries. Outra alternativa será a de estarem alojados em casa, mas serem colocados periodicamente num relvado exterior, para se alimentarem naturalmente, protegidos por um cercado amovível, fechado em todos os lados excepto na base, que se pode ir mudando de local conforme as necessidades. Mas não se esqueça que, mesmo que por pouco tempo, deve-lhes ser sempre disponibilizado um esconderijo. O material para cobrir o fundo dos abrigos e do cercado interior deverá ser confortável e pouco abrasivo. Pode utilizar tiras de jornal, madeira prensada ou panos que possam ser lavados e reciclados. Mas por cima deverá colocar feno. Este mantém a temperatura, assemelha-se ao substrato natural, é macio, confortável e aromático.

Ofereça-lhe jogos e brinquedos

Os porquinhos são animais bem-dispostos, que adoram brincar, descobrir e explorar. Brincar ajuda ao bem-estar fisco e mental, estimula o cérebro e mantém-no activo, para além de promover o exercício físico. Quando o tutor se envolve na brincadeira e interage com o animal, estreitam-se laços que beneficiam ambas as partes. Bolinhas de papel são brinquedos óptimos e baratos, não havendo problema de o animal as roer. Aproveite rolos de papel higiénico, ou outros semelhantes, para que possa entrar, esconder, rebolar, destruir e quando isso acontecer é só substituir. Meias velhas, recheadas com feno fresco e atadas com um pedaço de pano, vão-lhe permitir mastigar e transportar de um lado para o outro. Bolas de ping-pong ou de ténis, são outra alternativa divertida e barata. Disponibilize esconderijos, tipo toca, que pode adquirir numa loja de animais ou improvisar com sacos de papel (nunca plástico). Brinquedos que possam ser mastigados também são importantes para o entreter e manter uma dentição saudável. Pode utilizar cartão, pedaços de madeira não tratada ou comprar objectos próprios para o efeito, numa loja da especialidade.

Dê-lhe a possibilidade de se exercitar


Muitas vezes instalados em espaços exíguos, os porquinhos movimentam-se pouco e têm tendência para a obesidade. A alimentação seca, muito calórica e pouco natural, também tem a sua quota-parte de responsabilidade. O exercício físico é importante para manter a boa funcionalidade das articulações e músculos, contribui para a saúde cardiovascular, previne o excesso de peso e melhora a performance cognitiva. Sobretudo se viver em gaiola, deverá ser libertado, diariamente, num espaço controlado, para que possa correr e explorar. Construa um labirinto com a base em cartão e elabore o percurso com tiras, também de cartão, coladas á base com fita-cola. Coloque um prémio apetitoso, no final do percurso. Disponibilize obstáculos interessantes, em altura, com pequenas caixas, ligadas por pontes, rampas e túneis, colocando pedaços de legumes e frutas frescos em vários locais, para que seja incentivado pelo olfacto.

Previna doenças

Vigie os dentes do seu porquinho. São de crescimento contínuo e têm que sofrer desgaste constante. Se estiver saudável e a alimentar-se convenientemente, não haverá problema. Mas se estiver a comer pouco, se não lhe for fornecida alimentação rija ou se houver má formação dentária, os dentes podem crescer descontroladamente, causar abcessos e impossibilitar a alimentação. Neste caso deverá consultar um veterinário, que procederá ao corte dos dentes. As unhas deverão ser regularmente aparadas, mas apenas se necessário. Na maioria dos casos, se lhe for disponibilizado espaço para se exercitar, não será preciso. Mas se o piso for muito macio não ocorre o desgaste natural e o corte torna-se indispensável. Cuidado para não atingir a polpa da unha. Para além de doer, ainda provoca uma hemorragia difícil de controlar. A escovagem é importante para remover pelo morto, verificar a saúde da pelagem, inspeccionar a presença de parasitas e manter a higiene. Os banhos são desnecessários, sobretudo se mantiver o pelo bem escovado. No caso de o seu porquinho não lhe parecer bem de saúde, se comer com menos vontade ou não comer de todo, se estiver com diarreia, se a pelagem estiver sem brilho e o pelo quebradiço, se estiver a perder peso sem causa aparente, consulte o veterinário, se possível, especialista em animais exóticos.
Um porquinho da Índia pode viver entre 4 a 7 anos, ou até mais, se receberem os cuidados adequados, alimentação de qualidade, acomodação espaçosa, limpa, seca e quente, possibilidade de se exercitarem e locais para se esconderem. Dê especial atenção aos ouvidos, olhos, nariz e genitais. São animais frágeis, cuja saúde se degrada rapidamente e têm um fraco poder de recuperação. Desidratam facilmente e têm dificuldade em manter a temperatura corporal. Um porquinho saudável deve ter um ânus limpo e sem sinais de diarreia, um apetite razoável (comem frequentemente, mesmo durante a noite), respiração regular e sem esforço, pelagem limpa e brilhante, unhas curtas, ouvidos rosados, olhos abertos e alerta, boca limpa e sem purgação, dentes curtos que permitem a oclusão perfeita da boca.

Também podem ser treinados

Tudo depende do objectivo (que deve ser adaptado às capacidades cognitivas da espécie) e da utilização da motivação adequada. O treino estreita laços entre o animal e o seu tutor, para além de enriquecer o seu dia a dia, tantas vezes vivido num ambiente muito pobre em estímulos, onde nada de interessante acontece. Desfrute da companhia do seu pequeno amigo e proporcione-lhe uma vida longa e saudável, não só física com psicologicamente!



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